Todo dia uma criança é agredida no ES: violência infantil persiste mesmo com leis de proteção

Especialista diz que há necessidade de mudança cultural, particularmente a respeito do castigo físico Crédito: Freepik

No Espírito Santo, todos os dias ao menos uma criança é vítima de agressão. A violência contra menores de 12 anos, que inclui casos de lesão corporal e até mortes, segue preocupando especialistas e autoridades mesmo diante de uma legislação considerada uma das mais avançadas do mundo na proteção à infância.

Números alarmantes da violência infantil no Espírito Santo

Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), somente no primeiro trimestre de 2025, foram registradas 117 ocorrências de lesão corporal contra crianças. Em 2024, o total chegou a 368 registros, com média de um caso por dia. Ainda no ano passado, uma criança morreu em decorrência direta de agressões.

O dado mais recente — ainda fora do painel oficial — envolve uma menina de apenas 1 ano e 6 meses, vítima fatal de agressão. A mãe e o padrasto foram presos.

“Crianças de menos de um ano, com meses, acabam morrendo em razão das agressões. São casos cada vez mais frequentes”, alerta Thaís Silva da Cruz, delegada da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente).

Violência dentro de casa: o agressor é quem deveria proteger

O ambiente domiciliar continua sendo o principal cenário da violência contra crianças. A maioria das agressões parte de familiares ou responsáveis legais, o que torna o ciclo ainda mais difícil de ser rompido.

“A quase totalidade dos casos ocorre em casa e é praticada por alguém com vínculo direto com a criança”, afirma o psicólogo Felipe Rafael Kosloski, membro do Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP-ES).

A raiz do problema: cultura do castigo e silêncio familiar

Especialistas apontam que, apesar de o Brasil possuir leis exemplares, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a sociedade ainda tolera práticas violentas, como o castigo físico.

“Muitas pessoas ainda acreditam que podem bater em crianças. Isso não educa, apenas demonstra o poder do mais forte sobre o mais fraco”, destaca Kosloski.

A delegada Thaís da Cruz reforça:

“Muitos pais acham que podem bater porque apanhavam na infância. Mas a sociedade evoluiu. É preciso denunciar para romper esse ciclo de violência.”


Quando a infância termina antes do tempo

Casos de violência extrema, como o que tirou a vida da bebê de 1 ano e meio no último fim de semana, revelam a urgência da atuação da rede de proteção. Segundo a DPCA, os bebês são cada vez mais vítimas recorrentes.

A denúncia anônima, o envolvimento da escola, do vizinho, da unidade de saúde e do conselho tutelar são fundamentais para salvar vidas e interromper ciclos de abuso.

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