ES registra três casos de violência doméstica por hora no 1º trimestre de 2025

Violência contra a mulher: a maioria dos casos ocorre dentro da casa da vítima Crédito: Freepik

A violência doméstica no Espírito Santo em 2025 continua alarmante: três casos foram registrados por hora entre janeiro e março, totalizando 6.684 ocorrências. Os dados são do painel de monitoramento da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e apontam um crescimento de 10,88% em relação ao mesmo período de 2024, que contabilizou 6.028 registros.

De acordo com a delegada Michelle Meira Costa, gerente de proteção à mulher da Sesp, embora haja aumento nas ocorrências, ainda é incerto se esse crescimento representa maior número de crimes ou se mais vítimas estão denunciando. Estudos são conduzidos nas duas vertentes.

Fonte: A Gazeta


Casos ocorrem majoritariamente dentro de casa

A maior parte das ocorrências foi registrada em residências, ambiente que deveria garantir segurança à mulher. No entanto, também há episódios em locais públicos, como ruas, escolas, hospitais e até na internet.

O levantamento mostra que a faixa etária mais atingida é a de 18 a 24 anos, com 1.114 jovens vítimas no período analisado. Mas a violência doméstica no Espírito Santo atinge mulheres de todas as idades, desde crianças até idosas acima de 75 anos.


Fins de semana concentram maior número de agressões

Segundo os dados, sábados e domingos concentram os picos de violência. Um exemplo recente ocorreu no último fim de semana de abril, quando quatro casos foram registrados, reforçando a necessidade de atenção redobrada nesses dias.

Até o momento, 10 feminicídios foram contabilizados em 2025, como o caso de Joyce Moura dos Santos, de 20 anos, assassinada diante da filha de três anos.


Novas políticas públicas de atendimento à mulher

A Sesp tem investido em políticas públicas, como a implantação das Salas Marias — ambientes humanizados para acolhimento de vítimas nas delegacias da Grande Vitória, com expansão prevista para o interior até 2026.

Também são oferecidos atendimentos por teleflagrante com assistente social, e o encaminhamento da ocorrência permite que a prefeitura do município da vítima atue com busca ativa e suporte para a saída da situação de violência.


Programas de enfrentamento aos agressores

A delegada Cláudia Dematté, chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher (DIV-Deam), destaca a importância de um trabalho integrado e humanizado no atendimento às vítimas. Ela reforça ainda a necessidade de atenção aos agressores, como ocorre no projeto “Homem que é Homem”, que atua na reeducação masculina para romper com os ciclos de violência.

Outro instrumento relevante é a Patrulha Maria da Penha, que pode ser acionada em todo o Estado pelo número 190. Para os casos mais graves, as vítimas podem ser incluídas em programas de proteção, como a Casa Abrigo.


Mudanças estruturais são urgentes

Apesar de avanços na legislação, como a Lei Maria da Penha, a cultura machista e patriarcal ainda persiste. Segundo Michelle Costa, educar meninos para que não se tornem adultos agressores é uma das medidas mais efetivas a longo prazo.

A violência doméstica é multifatorial. Não adianta avançar só na legislação penal. Precisamos mudar a cultura, as estruturas sociais. E isso passa, principalmente, pela educação”, defende a delegada.

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